domingo, 31 de julho de 2011

olha. olha fechando os olhos. shh quietinha pra ver melhor...
terá um abajour tão familiar quanto qualquer lembrança de objeto de vó; terão os sofás mais fresh da sensação de se ter só uma década de idade. de férias das lições chatas, pés descalços suspensos (ou, simplificando, sofás dotados do espírito-boca-suja-de-comer-manga-sem-culpanenhuma)...
uma prateleira com fotos nossas, bonecos, pedras, bandeides, souvenirs do nosso futuro.
na cozinha: sempre a sensação de eba! tem pudim!
a melhor meia luz de todas. sempre. e sempre que eu entrar, verei na tela-mente imagem de vocênuca, daquela vez... que nem imaginava...

e será dado a você, entrar, conhecer, deitar, dormir, mergulhar.

sábado, 30 de julho de 2011

maior

vocês ficariam surpresos
com a força das cores da minha varanda
que até agora ninguém conheceu
(dadosforçaeventoequivalentes)
frames cenográficos.
canetas marca-gestos.
certeza de linóleo atemporal no hd debaixo das linhas da mão.

vestimenta dórica/jônica quase listrada
borda e guarnição; sussurro e megafone
quase peregrinação faquir.
quase hontem, quase hamanhã
quase o papel branco de amassar de fêluz.

senhoras e senhores
hoje sou um arcano maior

quarta-feira, 27 de julho de 2011

minha força é pra debaixo do tapete
toda sacada mostra isso

terça-feira, 26 de julho de 2011

our selves
saiam pelo frio sintético.

tragam suas listas manchadas.
nove trastes podem formar sons que podem funcionar como guindastes. que podem aparecer nos catálogos. que podem jogar farelos nas visitas, que podem aparecer no portão da tua casa. que pode ser invadido por flores não desejadas. que podem anunciar filhos de surpresa. que podem te fazer pensar nas implicâncias karmicas da tua posição pra deitar e dormir. na influência estética das cãimbras decisórias nos teus sonhos. que podem transmitir tétano e te fazer acordar com vontade de explodir uma melancia da forma mais limpa e profissional possível; ou com vontade de ser um naga baba, um degrau, uma rachadura.

o terceiro olho às vezes dá socos para trás, querendo se livrar do provável aspecto de chiclete velho no chão, provocando zonzeira e uma necessidade de higiene em que não se tem conhecimento dos produtos e métodos de limpeza.
(devas, upanixades, bhagavad gita, cartilha do gato xadrez?)


o terceiro olho veio antes. devia ser chamado de primeiro olho.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

ontem.

anotar tudo. passar todos os riscos, de lápis cicatriz.
todas as temporadas repetidas, os babados da imperatriz
os meus sonos foram sempre os mesmos, digitam sendo espelhos, loadingam, caem, embassam quase pouco. invadem.
a luz ecônomica é sempre a mesma para esguichar ideias grandes como os caracóis das varandas;
conversas cheias de amor, mas que não me grudam atenção; ladrilhos derviches.

mãe contava histórias de um tarô mornosonolento... "o homem que cortara as próprias pálpebras"
de qualquer forma não me lembro das histórias.

desde criança, fiquei de fazer algo importante... (as fotos de pequeno me jogam na cara)
fiquei de recuperação. e fugi pela janela sem nem sentir cheiro de palmatória.
e nunca fui criança. e nunca me despi.

os pés cortavam pedras. cuspia no chão com todo o direito.
dias antes de ver meu pai chorando-única-vez-de-manhã-cedinho-tchau-o-pai-vai-embora,
passou um sujeito na nossa rua, com um macaco inquieto nos ombros.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

saco.
tem dias que me sinto tão fraco. tão esqueci-o-que-ia-dizer.
tão figurante que perde a hora. e acaba figurando melhor-impossível por nem ter chegado no set.