domingo, 26 de abril de 2009

fulano

Tinha um fulano, um sujeito bonito como pessoa, mesmo. Que era muito sozinho, até tinha aquela espécie de energia que atrai pessoas interessantes e realmente autênticas (se bem que autenticidade só aconteça quando muito durante alguns minutos do dia) mas não mantinha ninguém em sua órbita. Não que quisesse, não era possessivo, mas sempre tinha a sensação desconfortável de que apesar de ter privilégio de conseguir sentir e ver a vida fluindo nas coisas estranhas, "difíceis de ver", nas coisas feias e tristes e bonitas e em tudo, tinha a sensação de que tudo isso flui rápido demais... e a gente mal fica molhado. e os domingos são tristes. e os filmes decepcionantes.
Ele às vezes se afligia.
Tem-se que ser rápido, falar inglês, saber contar piada no trabalho, tem que sair bonito nas fotos, tem -se que ver "O Encouraçado Potemkin", todos os eticeteras; mas sempre sendo você mesmo...
(e o rapaz volta e meia acha tão chato ser ele mesmo)
E não sabia lidar direito com pessoas que gostava e que pareciam gostar dele, principalmente com as moças... Claro, sendo homem, ou seja babaca, se embaraçava nos novelos de códigos-hieróglifos de intenções subentendidas e embaraçadas nas bagunças delas. provavelmente a maioria das mulheres sejam bagunças vivas. Lindas, facínio e tudo, mas bagunças... (talvez as professoras-tias-de-gramática-solteiras sejam ecxessão)

não que quisesse que os contatos fossem claros e decupados como num filme. o legal de viver são as reticências, enganos, ventinhos idiotices e afins.

"é que as vezes irrita não saber o que fazer "tem de ser naturalmente" sim, mas o naturalmente às vezes fica mudo, cai da árvore e a gente não vê!
e tá todo mundo preocupado em expor seus problemas pros outros... muita gente sem saco pra ouvir... muita gente imbecil. muita gente preocupada em se guardar pro sexo."

fulano tava cansado de estar "sozinho". ele queria conhecer alguém a ponto de poder perceber o movimento interno do pulo de um pensamento pra outro na cabeça, vendo o movimento das retinas, ou a testa mexendo, em um café da tarde, em um dia prequiçoso

fulano lê distrações em nucas (às vezes livros que nevam)
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Fulano se basta

quinta-feira, 23 de abril de 2009

é. eu tenho preguiça.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

o inverno é mágico. faz você deitar dentro.









"hum, que delícia." (livroindicaçãopraninguémver. aritmética. fernanda young.)

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Eu não tive coragem, cara. de novo.
agora fico assim, com a sombra carregada, com raiva de mim.
tomei banho pra escorrer isso pelo ralo, mas demora um pouco, um dia, alguns talvez... mesmo que eu esteja sem saco nenhum, e você também, a gente tem que tocar a vida, não é isso?
às vezes o vento na nuca fala francês. mas pra conseguir ouvir, tem-se que estar limpo.
tenho que aprender a des.esperar.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

foi.

choveu no canto mais fraco. e foi isso.
as rebarbas de tudo foram atacando as bolsas dos olhos, era difícil aguentar. era difícil também entregar os pontos (a gente nunca sabe pra quem entregar...) e é irônico porque esses pontos só são pontos e pesos pra seus donos... se a gente larga, eles se dissolvem, e ninguém vê.
dá vergonha de ser visto chorando. vergonha besta. mas tá lá.

tem dia que é pra se afogar, é aflitivo.. e no fundo sentir o líquido entrando nas narinas dá uma sensação de que o porão será lavado.. dá aquela sensação de "pronto, fiz tudo o que pude".
parece trágico. mas não é... depende da narina.
Naquele dia eu me senti como a G.H de clarice... toda aquela paixão (no sentido literal da palavra), aquela via crucis existencial (mas no meu caso, não consciente, não descrita) ao ver uma barata de repente. e ali tudo era a barata.
Eu era o guarda-roupa, cheio de aquários que estavam se trincando.


mas pronto. passou. resgistrar registrar né? acaba caindo por aí...
mais fortinho agora. pronto a sentir a mágica entregue por algum carneiro imaginativo, subsequente a suspensão de gotículas ao caminhar por ruas que se gosta sem nenhum motivo identificado.
Passa-se da vontade miuda ao jorrar de patas impressas.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

tem gente que tem cabeça de réptil
mas eu ainda prefiro a música