sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Lama Quente

O que acontece
é que quando explodo em silêncio
e me deito num colchão de agora
me lembro dos livros que não devia ter dado. (contrádito)

meus joelhos se enchem de areia por dentro.
penso se essas coisas que passam pensando
são para serem inaladas ou se alguém vem buscá-las...
talvez um senhor com ar sóbrio... ar sóbrio de parênteses

parênteses me remetem a sobretudos.

penso que o som de você me ouvindo
é igual ao som cheio de serragem
de uma sala de espera.
(sabe que arte
é fuga, libertação, açoite, sangue seco e fresco aomesmotempo)

dizer tudo.
de uma vez, antes
que o medo suba até a garganta e talhe a voz
com lama quente
medo é isso. lama quente.
ancestral, aconchegante, sonora

.Eloquência andrógina.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

não se preocupe.
os adjetivos não são adesivos, não pertencem a ninguém.




oui, et alors?
devia ser mais avantesco.

domingo, 18 de outubro de 2009

correspondência

de
Só você sabe o quanto às vezes aspiro por cores desbotadas de hotel antigo. aquele ar de inverno europeu que só certas letras sugerem,você sabe do que eu tô falando. (não. não estive na Europa, mas meu rastro em você que foi. salpicou um pouco)
(não, você não foi. porque não existe)

aquelas finesses de cabana de lençol,
risosparticularesdetwoloversbafodeaconchegotato-pétalabrotamnabrecha
já anunciando sua ordem de prazer-que-acaba-virando-página-amarelada.
O amor importa tanto assim?
o que a gente tem, acha que tem
o amor da falta.

a gente se faz de entendido porque tem medo.

.sensibilidade artística às vezes é um inferno.

"Thomas Mann disse uma vez
que preferiria viver a escrever".

E eu digo: pro inferno tudo isso.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Não conta não conta. não olhe a foto.
se olhar irá chover estátuas de instantes tossindo recheios.
Quando for falar de projetos não toque em nenhum tipo de madeira, verá que a linguagem coloquial é igualmente mais falha e talhada do que qualquer expressão de um bicho empalhado. Quem fala é tão culto quanto uma cadeira. Todo projeto afunda enquanto se pensa.
Se for dizer, mesmo assim, diga pelo sono.
Parágrafo análogo. Cílio gestáltico.
Cada apêndice se recebe da linha grossa dos contrapesos cozinhados pelos mucos do auto engano. Estudar é inútil. Toda inutilidade preenche os sulcos, as valises que há nas obrigações. (maldita pandemia das gratificações.)
O movimento todo está em não tentar.

cortaram as rebarbas, mas não limparam o púlpito.

Não é que eu reclame. Não. Sou bastante satisfeito em ser açoitado por enxames estofados ou de cimento. Na verdade é todo filamento... retratos de entes ocultos escorrem em direções favoráveis aos calços dos respectivos papéis.
E se as articulações não forem suficientes (opróbrios, cortesias, alinhamentos sem remate)
deixemos os fios soltos, os pingos sem is. O novo já foi seco em outros sóis.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

isso às vezes irrita.
A cabeça flutuante pega tudo larga depois, amnésia do convencional
os detalhes assumem importâncias cósmicas...
intensidade, orgânica, elástica
slow motions em cada mi lési mo.

o silêncio liga tudo em teia transparente. sempre
upi uli